As caóticas e congestionadas metróples
abrigam um número cada vez maior de motos e novos usuários desse tipo de
veículo
A moto está entre nós. Chegou pra ficar
e clama por seu espaço e regras claras para se inserir em diversos meios.
Enquanto nossos iluminados legisladores continuarem a vê-la como um problema de
segurança pública e não como uma alternativa ao transporte pessoal, não há
perspectiva de melhoria nas relações de quem a utiliza e o meio hostil em que
deve agir.
Por conta disso, escolhi o tema dessa
matéria para lembrá-lo, caro leitor, de algumas regras de conduta que todos nós
motociclistas devemos adotar para garantir a própria segurança, e dessa forma,
também a dos demais. Com o término das féria escolares, o trânsito tem a
tendência de se complicar ainda mais.
Uma das condições mais difíceis de se
operar uma moto é em um ambiente urbano, com grandes congestionamentos, pessoas
apressadas e nenhuma cortesia. A atenção e o raciocínio são exigidos o tempo
todo, portanto, tenha em mente que é preciso estar apto tanto fisica quanto
mentalmente para interagir apropriadamente. Jamais use qualquer droga que possa
diminuir sua percepção e equilíbro quando operar uma moto.
Visibilidade
Com aproximadamente ¼ do tamanho de um
veículo médio (em termos de ocupação visual), a moto é dotada de extrema
mobilidade e velocidade quando comparada aos veículos que a cercam. Para
interagir com um meio onde é minoria, o motociclista deve usar todos os
recursos que estiverem a seu dispor para se tornar visível, e minimizar a
desvantagem do tamanho.
Existem diversos recursos que um
motociclista tem a seu dispor para se tornar visível perante o contexto em que
está inserido.
· Farol aceso o tempo todo.
· Uso de vestimentas claras ou coloridas, de maneira a
estar em evidência.
· Uso racional da buzina, como forma de alerta de
presença.
· O som do próprio motor.
Velocidade
relativa
Um dos aspectos indiretos relacionados à
visibilidade é a velocidade relativa aos outros veículos. Essa é a velocidade
existente entre objetos em
movimento. Para exemplificar, imagine estar-se deslocando a 80 Km/h com um carro à sua
frente desenvolvendo 60 Km/h
no mesmo sentido que o seu. A velocidade entre os veículos é de 20 Km/h , razão com a qual
está se aproximando desse carro.
Para ser visto na ultrapassagem do
exemplo acima, é necessário que haja tempo para que o motorista o veja, entenda
a sua intenção e possa se adequar. Com uma velocidade de aproximação entre 10 e
20 Km/h ,
o encontro se dá com tal suavidade que uma grande margem para erros pode ser
estabelecida. Existe tempo suficiente para que o motociclista aborte a
ultrapassagem, bem como tempo para que o motorista por qualquer razão mude sua
atitude, e ainda assim, sem riscos significativos para ambos. A velocidade
relativa excessiva é componente de quase todas as colisões entre motos e outros
veículos.
Posicionamento
O principal recurso para visibilidade no
trânsito, no entanto, é o posicionamento que se adota frente aos demais. De
nada serve estar de farol aceso, usando capacete e roupas coloridas, buzinando
e acelerando, se estiver posicionado em um ângulo onde o motorista não pode lhe
ver.
Carros normalmente têm pontos cegos,
como colunas que obstruem a visão do motorista. Veículos maiores como caminhões
e ônibus têm muito mais área, portanto ainda mais obstruções que impossibilitam
ver um veículo pequeno e ágil como uma moto. É preciso estar alerta na
identificação dessas obstruções, e prover um posicionamento que permita ao
motorista notar a presença da moto.
Uma técnica bastante útil é tentar ver o
motorista dentro do carro quando o ângulo em que se dá o encontro permite essa
visão. Nas aproximações fora do ângulo de visão do motorista, deve se buscar a
imagem dele refletida em um dos espelhos do veículo dele. Por reciprocidade, em
ambos os casos, quer dizer que ele também está em condições de lhe ver. Mas
fique atento: ter condições de lhe ver não significa que tenha visto. Observe o
comportamento dele e busque sinais que confirmem ter sido visto. Cancele a
aproximação se não tiver razoável certeza, e utilize todos os recursos
disponíveis para chamar a atenção.
Atualmente existe outro empecilho para a
obtenção dessa certeza: os vidros escuros. Proceda com muito cuidado nessa
circunstância, e ao invés de buscar uma identificação do motorista, tente
traçar um perfil de comportamento que ele esteja adotando. Se tiver uma
condução errática, tente manter distância suficiente para permitir uma manobra
evasiva, e ultrapasse assim que for possível e seguro. Nunca mantenha uma
relação de proximidade com veículos que não podem ter seu comportamento
determinado.
Ultrapassando
Para as ultrapassagens, sempre que
possível, opte pelo lado esquerdo. A maioria dos motoristas espera que a
ultrapassagem seja executada por esse lado, estando em um estado de prontidã o. Disse “sempre que possível”, porque a legislação brasileira
permite que a moto circule entre os carros, no “corredor” formado por eles.
Nessa circunstância, usualmente estará fazendo ultrapassagens de veículos pela
direita.
Os corredores são particularmente
perigosos porque aproximam em demasia objetos com massas e capacidades de
manobra distintas. Mesmo assim são perfeitamente viáveis quando os parâmetros
de velocidade adotados são os que zelem pela segurança de todos – motoristas e
motociclistas. Os corredores de carros parados ainda oferecem a possibilidade
de encontro de pedestres atravessando, exigindo atenção e principalmente uma
amplificação do campo de visão periférica. Já nos corredores onde os veículos
estão em movimento, a atenção maior deve recair sobre a identificação de espaços
vazios que eventualmente podem ser ocupados, e assumir que o serão em qualquer
tempo. Dessa forma nos colocamos em alerta para a possibilidade de um carro cruzar
nossa trajetória.
Sinalize sempre sua intenção e tenha em
mente que para ser respeitado no trânsito, é preciso oferecer respeito também.
Pilote com prudência e apenas abuse da cordialidade.
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