segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Pilotando em uma pista de corridas – Experientes 2


Dicas para pilotos experientes treinarem e se aperfeiçoarem em uma pista de corridas – 2ª parte

Importante: Os procedimentos a seguir destinam-se a pilotos experientes que já tenham pilotado em autódromos e que tenham pleno domínio, tanto da máquina quanto dos procedimentos em uma pista de corridas. Não devem ser utilizados por aqueles que ainda são novos ao meio, cabendo a esses, rever o texto publicado anteriormente nessa coluna.

Dando sequência ao que foi tratado na última edição, agora que já explorou tudo que sua moto pode lhe oferecer em desempenho com um setup mediano, está na hora de explorar outros recursos para baixar seu tempo de volta.

Os fatores com que terá de trabalhar são:
Característica do circuito – de alta, baixa ou média velocidade.
Característia de sua moto – potência, capacidade ciclística e freios.
Sua característica como piloto – preferência ou aptidão maior para curvas de alta, baixa ou média velocidade.
A conjugação desses elementos, analisados racionalmente, será fundamental para determinar se atingiu ou não seu pleno potencial.

Circuito
Comece por analisar com qual tipo de atódromo está interagindo – a predominância das curvas é de baixa, média ou alta?
Leve em consideração que não existe o setup ideal. Quando se privilegia a atuação da moto em curvas de baixa velocidade, retira-se parcialmente sua capacidade nas curvas de alta, e vice-versa. Daí a necessidade de identificar qual é o tipo da pista em que está trabalhando. Nas pistas aonde há uma predominância de curvas de baixa velocidade, o acerto deve ser feito em sua função, assim como em pistas aonde há maior concentração de curvas de alta, o foco deve estar nas mesmas. Caso exista um mix equilibrado entre diferentes tipos de curvas, terá de procurar um setup que privilegie as características da moto – sua capacidade em mudar de direção, frenagem ou com que velocidade e equilíbrio sai de uma curva.
Também é preciso notar a predominância de direção das curvas – circuitos que tenham mais curvas para a esquerda que para a direita, terão mais aderência e condições para melhorar o tempo de volta nessas, uma vez que a temperatura dos pneus estará mais elevada do lado esquerdo. Já nas curvas para a direita em um circuito assim, deve ser implementada uma abordagem mais conservadora.

Moto
Toda moto tem características operacionais que a diferenciam de outras, tornando-a mais apta a uma tarefa específica. É preciso determinar se sua moto é do tipo potente, ou não, para o circuito que esteja estudando. Para determinar isso, analise se no trecho mais veloz chega à velocidade final da moto ou não. Se esgotar a potência da moto, deu tudo que ela tinha para dar, então a capacidade do autódromo é superior, e para essa moto, terá de ser tratado como circuito de alta, privilegiando todo o acerto para essa condição.
Mas caso tenha uma moto de alta cilindrada e bastante potência, provavelmente terá de acertar a relação para atingir o máximo de desempenho no trecho mais veloz. Já o acerto das suspensões terá de levar em conta outras características, como ciclística e capacidade de frenagem.
Motos leves e curtas se saem muito bem em trechos de curvas de baixa e mudanças de direção (esses), enquanto as mais pesadas têm melhor desempenho nas curvas de alta. No tangente a potência, motos menos potentes devem ser pilotadas de forma mais lançada em curva, evitando freadas muito fortes para não comprometer a saída de curva pela ausência de potência. Já as de maior capacidade, devem ser exploradas nos quesitos de ciclística e freios. Analise aonde a sua moto se situa nessa equação, pois terá de considerar essas capacidades para determinar aonde poderá atuar para espremer alguns décimos de segundo.

Piloto
Essa é a peça mais delicada da equação. Via de regra, todo piloto deveria ser apto a lidar com todo tipo de curvas, mas na prática, sabemos que isso não é bem verdade. Todos têm alguma preferência – tipo de curvas que nos são mais fáceis e outras que nos dão certo trabalho.
Para se tornar um piloto mais completo e eficiênte, terá de encarar suas dificuldades e focar sua atenção naquilo que pode ser descrito como sua principal deficiência. Provavelmente irá obter mais tempo de volta resolvendo essas dificuldades que polindo curvas que já faz de forma veloz. Faça uma aotocrítica honesta e arregaçe as mangas.

Acertos
Agora que já tem uma imagem mais clara de todo o contexto, cabe experimentar diferentes acertos para sua moto.
Tenha em mente que mudanças no acerto da suspensão dianteira também afetam o comportamento da traseira e vice-versa. Para tanto, é fundamental que cada tentativa diferente seja registrada apropriadamente, para não se perder no processo – aliás, muito comum de acontecer.
Tudo é uma questão de sensibilidade – é preciso sentir o que a moto está lhe passando como característica reacional, cabendo-lhe interpretar esses dados.
Crie um relatório escrito onde possa anotar qual a regulagem das suspensões adotada e um breve relato do que sentiu como comportamento desse setup. Seja específico com relação a cada curva, ou àquelas que sejam de maior relevância.
As regulagens devem ser modificadas em incrementos mínimos – em motos que possuem "clicks", um de cada vez, e em motos com parafusos de voltas, ¼ de volta de cada vez.
Se sentir a moto escorregando de forma "picada" para fora de uma curva, provavelmente estará frente a uma suspensão muito rígida, e se o comportamento for mais oscilatório, uma suspensão mole demais. Procure alterar a dianteira e a traseira simultaneamente no início, para analisar o comportamento que a moto terá. Parta para a regulagem individual da frente ou traseira somente depois de esgotar o procedimento anterior. Essa é uma visão generalizada, cabendo a cada piloto interpretar. Não existem formulas para isso – é uma questão de sensibilidade. Mesmo.
Opte por acertar curvas que melhor se encaixam nas características de comportamento de sua moto. Explore primeiro suas qualidades, para depois tentar tratar as dificuldades.
Fique atento aos tempos de volta. Use a forma seguimentada de cronometragem para trabalhar um set de curvas de cada vez. Jamais se esqueça de que qualquer setup promovido na moto deverá ser analisado ao longo de um número de voltas que englobe aquecimento e cerca de 3 voltas rápidas. Leve também em consideração que o desgaste da moto – e principalmente dos pneus – será crítico na análise. Terá de aprender a separar o comportamento causado por mudança de setup, do causado por desgaste do equipamento, e equilibrar os dois.
Espero que essas linhas gerais de conduta possam lhe ajudar a ser mais rápido e eficiênte em um circuito. Levante a bandeira do motociclismo e pratique a velocidade somente em ambientes apropriados. Estradas não se enquadram nessa definição. Divirta-se com responsabilidade!

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