segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Pilotando no exterior – Parte 4


Dicas de pilotagem e comportamento em outros países

Encerrando a série de matérias sobre viagens motociclisticas em outros países, aproveitamos da recente experiência de um de nossos consultores para falar um pouco de alguns países europeus e asiáticos.

Viajar de moto para outro continente, ao contrário do que a maioria de nós está acostumada, impõe a necessidade de um minucioso planejamento no transporte da moto – seja por via aérea ou naval. As pesquisas referentes à documentação e procedimentos devem ser as mais completas que se conseguir, pois qualquer detalhe esquecido ou omitido, pode gerar problemas futuros. Recomenda-se pesquisar também o histórico de empresas de transportes de cargas e despachantes, pois há considerável quantidade de documentação necessária para se realizar uma exportação temporária – termo utilizado para descrever a saída do país de um bem que retornará à ele.
Sendo assim, deve-se considerar com muito cuidado e ponderação a opção de alugar uma moto em outros países – invés de despachar a sua.

Viajar pela Europa não implica em dificuldades significativas no tramite do veículo para cada país, no entanto, recomenda-se obter toda a documentação exigida com bastante antecedência para evitar contratempos.

Em Portugal, o trânsito reflete bem o espírito do povo europeu, sendo as leis de trânsito acatadas e respeitadas, em sua maioria. A polícia é bastante severa, podendo se dizer até mesmo temida pelos condutores. Os policiais locais costumam ser rígidos e aplicam as multas sem pestanejar. Apesar de o continente estar vivendo um período de crise, freqüentemente nos deparamos com obras de manutenção, além de novos trechos de estradas que estão sendo construídas por todo o país. Estas, contam com uma rede de abastecimento ampla, sendo previamente anunciadas em painéis eletrônicos a beira da estrada informações sobre a quilometragem, a bandeira e os preços praticados pelos três próximos postos que se encontram pela frente. Não só em Portugal, mas em toda a Europa, as freqüentes praças de pedágio encarecem significativamente os custos de viagem. Convém levantar esses custos com antecedência para não ter surpresas caso viaje com orçamento limitado.

Na Espanha, resolvemos fazer um teste viajando por boa parte do país usando estradas secundárias e não pedagiadas. Na prática, isso mostrou que ao optarmos por essas estradas, obtivemos alguma economia e maior liberdade, porém foi infrutífero, pois ocasionou uma perda de tempo, aumentando a duração da viagem e por consequência, os custos  Ou seja, é pouco ou nada vantajoso. As estradas espanholas são muito bem construídas e mantidas, mesmo as auto-estradas que não são pedagiadas. Os políciais "camineros" andam em duplas em motos de grande cilindrada, sendo esta, uma presença bastante ostensiva. Como em praticamente toda a Europa, existe uma rede de postos muito bem distribuída. Em quase todas as pequenas cidades que se vê a beira da rodovia, há um charme especial, especialmente nas suas antigas igrejas.

Andorra é um país de dimensões minúsculas, estando encravado entre duas potências européias em termos econômicos e de personalidade marcante: Espanha e França. Nem por isso se intimida, ostentando um excelente padrão de vida, com suas cidades disputando espaço com as altas montanhas ao redor. Suas estradas passam boa parte do percurso cortando área urbana, onde a velocidade é sempre bem reduzida e bastante respeitada. Ali, só percorremos estradas de mão simples muito bem conservadas, e não encontramos praças de pedágio.

A França foi o país onde encontramos as tarifas de pedágio mais caras. E nem por isso, significa dizer que todas suas estradas sejam bem mantidas, algumas até com mato alto a beira da rodovia e asfalto bem desgastado.
Outra surpresa negativa foi o preço da gasolina, seguramente entre os mais altos da Europa. Nos finais de semana e feriados, as estradas costumam ter excesso de veículos, provocando um certo “mal-humor” nos motoristas. Fica a dica de tentar evitar viajar em períodos que coincidam com feriados prolongados e não esquecer-se das reservas antecipadas em hotéis. De modo geral, os europeus saem mesmo para a estrada, tornando muito difícil e as vezes, impossível a tarefa de se achar vagas em hotéis. Nas estradas, encontra-se bastante colegas motociclistas, sejam em grupo ou solo. Os cumprimentos são trocados por alguns pilotos usando-se os pés. Há uma grande extensão de sua malha viária em relevo bastante acidentado – um  show à parte em chame e beleza, resultando em cenários marcantes e inesquecíveis! Tanto nas autoestradas quanto nas vias de menor porte, fique atento, pois há uma boa quantidade de radares fixos e móveis. Foi observado que nas autoestradas também se ganha tempo, apoio e segurança, mas suas paisagens são por demais repetitivas, perdendo-se a magia das pequenas cidades francesas que são cortadas por estradas secundárias.

Monâco, segue a mesmas caracteríscas do trânsito francês – porém, com as já conhecidas estradas e ruas sinuosas. Apesar de bem sinalizadas, são bastante irregulares. Cuidado e respeito extra à polícia monegasca, que sempre presente, age com rapidez e com rigidez sobre os que desrespeitam as suas leis. Um espetáculo a parte é percorrer as ruas do circuito de Mônaco, praticamente fiel ao traçado por onde se realiza o tradicional GP! Como é de se esperar, as tarifas de pedágios e a gasolina são proporcionais ao padrão dos seus frequentadores usuais.

A Itália é outro país com pedágios em grande número. Porém, com um trânsito que flue muito bem. Como é normal, o tráfego se acentua mais, quanto mais proximos das cidades de porte maior, especialmente nos horários de pico, exigindo pilotagem mais atenta. Apesar do país também contar com modernas autoestradas, encontram-se também vias de menor importância com traçados antiquados e túneis estreitos de passagem única. Quanto mais ao norte, mais organizadas e vigiadas são as estradas.

A Áustria é um país com ótima malha viária e conservação. A percepção que deixa é de um trânsito simpático e amigável. De maneira geral, os usuários adotam médias de velocidade mais baixas ao dirigir. O difícil é manter-se concentrado com tantas belezas naturais ao seu redor. Para quem quer acrescentar um pouco de aventura à viagem, as sinuosas estradas secundárias valem a pena em termos turísticos.

Na Alemanha, estão as melhores e mais rápidas estradas – as autobans. Nessas é preciso ficar bastante atento aos retrovisores, pois sem limite de velocidade na faixa da esquerda, passam verdadeiros foguetes a mais de 200Km/h. Mais uma vez, os pedágios são frequentes nessas vias, podendo-se alternar o caminho com estradas secundárias que também guardam bom estado de conservação e segurança – além de praticamente não serem tarifadas. Fique atento a limites, onde existam – a polícia alemã é rigorosa quando suas leis são violadas. Nos finais de semana, os alemães costumam lotar suas estradas, que ainda contam com um número impressionante de trailers e motor homes. Observando-se as placas destes, nota-se que vem de todos lugares da Europa. Pelas leis européias, estes veículos são obrigados a viajar em velocidades máximas de até 90 km/h, formando-se extensas filas nas pistas da direita. Não custa lembrar que frequentemente estão utilizando a pista central para fazerem ultrapassagens.

Nos países bálticos, compostos por Lituânia, Latvia e Estônia, as estradas, são em sua maioria de pista simples, porém muito seguras. São bem vigiadas pela polícia, e abusos são prontamente repreendidos. Foi ali que encontramos os motoristas com perfil mais conservador – diversas situações de ultrapassagem não foram aproveitadas por motoristas trafegando à frente, por não acharem se tratar do momento ideal para a manobra. Os cenários são muito chamativos e as paradas frequentes para fotos. Fique alerta quando for parar ou novamente ingressar na estrada, optando por lugares que permitam boa visibilidade e tempo suficiente para execução com segurança.

Os condutores russos, como já era de se esperar, demonstram nas vias e estradas, os mesmos traços de personalidade forte pela qual são reconhecidos mundialmente. Em Moscou - e cidades grandes de uma forma geral - o trânsito é caótico, especialmente nas horas de rush, onde a situação caminha para o “salve-se quem puder”.
Os caminhoneiros russos não são de atrapalhar, porém não é de seu costume ajudar os veículos menores durante as ultrapassagens.
Não há praças de pedágios, e, com a vastidão da sua malha viária, depara-se a todo o momento com obras de recuperação ou  manutenção, tornando de uma hora para outra, as pistas em uma única mão!
Nessas situações, o que prevalece é a lei do mais forte, cabendo aos motocilcistas uma pilotagem defensiva e cautelosa. As estradas têm bastante diferenças umas das outras em termos qualitativos, por isso, convém estudar com antecedência os mapas de navegação para encontrar o caminho que melhor se adequa à seu tipo de aventura. Na transiberiana, por exemplo, o tráfego costuma ser intenso, e a estrada nem sempre oferece condições adequadas à segurança.
Após a entrada na região da Sibéria, um cuidado extra deve ser tomado: há um significativo aumento do número de veículos com a direção na direita - inverso ao que estamos habituados. Isso acontece devido a proximidade com o Japão, que comercializa seus veículos de segunda mão no mercado russo, sendo esta uma excelente opção comercial ao dois países. Entretanto, estes veículos circulam normalmente num trânsito que segue o nosso padrão de direção, complicando ainda mais o tráfego.

Esperamos que essas poucas observações lhe ajudem no planejamento de sua viagem internacional. Quanto melhor se preparar, menores serão os percalços, portanto, use de todos os recursos para levantar as informações necessárias que cubram todos os aspectos de sua viagem. Lembre-se que a sorte favorece o bem preparado! Pilote sempre totalmente equipado e divirta-se!

Nenhum comentário:

Postar um comentário