Viajar
sozinho pode ser uma opção para lazer aventureiro
Viajar
de moto tornou-se algo muito menos complicado hoje em dia, em função da larga
gama de recursos disponíveis para facilitar todo o processo. Com GPS, celulares
inteligentes e internet, ficou mais fácil encarar os desafios da estrada, seja
sozinho, seja com um grupo de amigos. Mesmo assim, alguns motociclistas ainda
têm certas restrições quanto a uma aventura solo. Não se sinta obrigado a
viajar em grupo apenas por receio de ir sozinho, nem veja uma viagem solo como
um ato de egoísmo. Trata-se de uma experiência distinta quanto a sensações sendo
também uma oportunidade de autoconhecimento.
É comum
que as viagens de moto mais longas - como uma "volta ao mundo” ou mesmo
“Alaska x Ushuaia”, por exemplo – sejam, em sua maioria, viagens solo. Muito
provavelmente, a maior dificuldade seria encontrar parceiro de viagem com tempo
e orçamento disponíveis. Mas ninguém se atiraria numa aventura de 20.000 ou
30.000 quilômetros sozinho, se não gostasse. Não encare uma viagem solo apenas
por falta de opção ou falta de parceiro, você deve gostar da situação de estar
só. Tem de estar confortável com essa situação, ou então, a viagem será um
martírio para você. Não vale à pena.
Nas
viagens solo, existem duas possibilidades extremas: adorar a situação ou sentir
um profundo desprazer em pegar a estrada sozinho. Faça um exame de consciência
antes de lançar-se a uma grande aventura. A palavra final deve vir da sua
consciência dizendo convictamente se você está interessado e preparado para
sair numa viajem solo. Em caso de duvida, não vá. Seu ego não pode estar em
primeiro lugar numa aventura assim. Seja prudente e conheça seus limites antes
e durante a viagem.
O
perfil do motociclista que viaja sozinho geralmente é de alguém mais
desbravador, aventureiro, sem que isso seja sinônimo de irresponsável, mas consciente
de seus limites e ansioso por conhecer pessoas, culturas e lugares novos. Uma
viagem solo combina muito com quem gosta de "engolir" quilômetros,
rodar por longos períodos e passar por muitos lugares diferentes. A falta de um
companheiro de viagem, nos deixa mais atento ao que acontece ao nosso redor e
nos aproxima mais das pessoas e culturas das diversas localidades pelas quais
passamos.
Numa
viagem solo, a pilotagem defensiva deve ser levada ao extremo. Você não pode
errar – e cair, é inconcebível!!! Seguindo este raciocínio, o planejamento fica
em evidência – quanto mais informações reunir sobre seu itinerário, em melhor
posição estará para decidir sobre coisas que eventualmente podem diminuir sua
segurança.
Entre
as vantagens de uma viagem solo, a principal é a concentração exclusiva na estrada,
sem necessidade de se preocupar com parceiros de viagem. Em todos os instantes
a sua concentração é exclusivamente sintonizada entre a sua pilotagem e o
cenário ao redor. Você faz seu ritmo naturalmente sem preocupar-se com
ultrapassagens coletivas, ir ao encontro ou esperar seus companheiros. Sem
duvida, a viagem solo mostra um “rendimento” diário superior ao de uma viagem
em grupo. (Por motivos óbvios: apenas uma moto para abastecer, apenas um piloto
para se alimentar, etc.).
Um dos
problemas notados nesse tipo de aventura pode ser a dificuldade na tomada de
decisão perante imprevistos. O diferencial de uma aventura solo é ter que
decidir tudo sozinho - sem contar com a opinião de um parceiro de viagem num
instante de dúvida. Costuma-se dizer que "quando tudo dá certo, é ótimo
viajar sozinho, quando algo dá errado, é melhor estar acompanhado". Como
estará sozinho, escolha bem onde estacionar a moto mantendo-a sempre ao alcance
de sua visão. Outro ponto delicado: fique de olho em sua saúde! Necessidades
específicas como alergias, uso de medicações controladas, problemas cardíacos,
etc. devem ser consideradas com responsabilidade antes de uma aventura
solitária longe de casa.
Ainda
durante o planejamento, analise se em outras situações, você já esteve tanto
tempo longe da família ou de sua rotina. Os primeiros dias são naturalmente
agradáveis, mas relatos mostram que depois de 15 dias de viagem, fatores
psicológicos como saudade e insegurança começam a se fazer notar de forma mais
contundente. A maioria das pessoas a nossa volta - família, amigos, etc. -
quase sempre é contrária a esse tipo de viagem, pois, sempre ficam evidenciados
os aspectos ruins e imprevistos. Claro que, como em todas as situações do nosso
dia a dia, existem os pros e contras. Acreditamos que o mais importante é acalmar
e tranquilizar essas pessoas através da ciência de seu exaustivo planejamento,
para que saibam que nada esta sendo feito de forma impulsiva ou irresponsável.
Sem duvida, essa tarefa também será um desafio a ser superado por você.
O
relacionamento entre você e sua moto numa viagem assim é levado ao extremo. É
preciso confiar na sua máquina e ter um bom conhecimento sobre ela. Mesmo que
você não entenda muito sobre mecânica, recomendamos uma revisão detalhada e uma
conversa franca com seu mecânico de confiança, que lhe orientará sobre os
cuidados e a utilização correta da sua motocicleta, ou até como efetuar
pequenos reparos.
Recomendamos
que você adote uma postura conservadora para a pilotagem – estando só, a atenção
deve ser redobrada quanto a condições adversas de via, clima, trânsito, etc.
Pilotar moderadamente, nunca exigindo demais da sua moto também vai lhe
proporcionar um deslocamento seguro, aumentando muito as chances de sucesso na
viagem. Não se preocupe em levar peças de reposição se você não tem o
conhecimento para trocá-las. Sugerimos apenas um kit de manutenção de pneus e
ao menos as ferramentas que vem junto com o kit básico de sua motocicleta.
Torne-se
visível perante o meio em que transita – um grupo é mais fácil de ser
visualizado que apenas uma moto. Sempre trafegue com as luzes acesas,
independente de ser dia ou noite. Posicione-se na via de forma a ficar em
evidência e evite a todo custo transitar escondido por outro veículo. Use
recursos extras como etiquetas reflexivas para aumentar a capacidade de ser
identificado por outros na via. Se for viável, evite pilotar à noite.
Outros
cuidados também são relevantes – nas conversas com estranhos, evite dar
informações sobre sua rota ou detalhes sobre sua viagem. Uma mentirinha nessas
horas pode lhe deixar menos vulnerável.
Esteja
sempre bem acompanhado de você mesmo. Sua autoestima é a melhor parceira de
viagem. Nas dificuldades, procure sempre pelo lado positivo, concentrando sua
atenção na solução do problema que se apresenta. Ficar se lamentando de
eventual falta de sorte não leva a lugar algum. Ouça sua voz interior e
respeite seus receios. Eles podem ser o seu instinto de sobrevivência se
manifestando.
Não se esqueça
de levar um tripé e a câmera filmadora ou fotográfica. Ela será a única
testemunha das suas aventuras, caso alguém duvide dos seus incríveis relatos.
Boa viagem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário